Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco

Preta cientista: conheça mulheres negras que fizeram história na ciência 

Progresso de leitura

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PRETA E CIENTISTA!

Ao longo da evolução da humanidade, as mulheres negras foram fundamentais para a produção de tecnologias de manutenção da vida na terra. Nas Ciência Exatas, Humanas, Sociais, Agrárias ou Biológicas não faltam nomes de cientistas que contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento fundamentando mudanças estruturais na sociedade. O racismo, a misoginia e a desigualdade de oportunidades não foram suficientes para impedir a revolução promovida pelos fazeres e saberes de nomes como Maria Beatriz Nascimento, Conceição Evaristo, Jaqueline Goes de Jesus, Simone Maia Evaristo, Neusa Santos Souza. Anete Otília Cardoso de Santana Cruz, Sônia Guimarães, Katemari Rosa, Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro. Aqui, você poderá conhecer mais sobre a vida e obra dessas mulheres, que fizeram história ao conquistar o lugar de “Preta cientista”.

Maria Beatriz Nascimento 

Maria Beatriz Nascimento foi uma historiadora pioneira do modo de pensar a História a partir dos saberes africanos. A mestra em educação nasceu em Aracaju, Sergipe, em 1942 e faleceu em 28 de março de 1995 e se dedicou a sua formação na luta pelos direitos dos afro-brasileiros e para estudar a cultura africana e afro-brasileira. Também é conhecida por ser a fundadora do Movimento Negro Unificado (MNU), que ocorreu no ano de 1978 com o objetivo de combater o racismo e promover a igualdade racial no Brasil. Beatriz concluiu o seu mestrado em Comunicação e Cultura na UFRJ, tendo o seu trabalho considerado pioneiro ao abordar o Candomblé como uma expressão cultural, importante para a história e identidade do povo negro no Brasil. 

Além disso, defendeu as questões raciais e culturais em diversos eventos e conferências internacionais. Sendo assim, Maria Beatriz Nascimento foi uma das primeiras mulheres com a voz ativa na denúncia do racismo estrutural no Brasil e na ascensão da valorização da cultura afro-brasileira, sendo ela uma grande referência na luta contra o racismo e o combate pela inclusão e valorização da cultura afro-brasileira.

Conceição Evaristo 

Maria da Conceição Evaristo graduou-se em Letras pela UFRJ  e foi professora da rede pública de ensino na  capital fluminense. Estreou na Literatura em 1990, quando publicou  seus contos e poemas na série “Cadernos Negros”. Atualmente, também é reconhecida como ativista com atuação constante em movimentos de valorização da cultura negra em nosso país. Uma das narrativas mais expressivas da carreira literária da Conceição é “ Ponciá Vicêncio” , marcada por uma narrativa não – linear ,teve boa acolhida de crítica e de público. 

Conceição Evaristo também desenvolve narrativas  que discutem sobre o universo das relações de gênero em um contexto marcado  pelo racismo como os “contos Insubmissas lágrimas de mulheres”. Em 2008, sua poética ganha maior visibilidade após a publicação  do volume  Poemas de recordação e outros movimentos, em que denuncia às condições  sociais dos afrodescendentes, com uma escrita  marcada por sensibilidade e ternura.  

Jaqueline Goes de Jesus

Jaqueline Goes de Jesus nasceu em 1989 em Salvador (BA). Graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Realizou o seu mestrado em biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pelo Instituto de Pesquisa Gonçalo Moniz – Fundação Oswaldo Cruz. Depois fez doutorado em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia. 

A Biomédica integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país. Atualmente, a pesquisadora está fazendo um estágio de pós-doutoramento no Reino Unido em busca de encontrar o diagnóstico, genômica e epidemiologia de Arbovírus. 

Simone Maia Evaristo 

Simone Maria Evaristo é mestra em infecção HIV/AIDS, especialista em Citologia Clínica, presidente da Anacito (Associação Nacional de Citotcnologia), fellow da academia internacional de citologia, além de ser membro da Sociedade Latino Americana de Citopatologia e African Organisation for Research and Training in Cancer (AORTIC).

Quando criança sempre teve a curiosidade aguçada para a leitura, conhecimentos históricos e teve frequência assídua nas feiras de conhecimento da escola. Quando ingressou no curso de Biologia, a área de Citologia foi a que mais chamou sua atenção.  Como pesquisadora  negra, Simone compartilha que foi um caminho marcado pela invisibilidade, contudo, hoje ela afirma que se reconhece mais plena e livre e apropria se de toda a sua trajetória acadêmica e profissional “Eu vejo que a mulher na ciência é batalhadora. Não derrotista! É a minha força vem da paixão pelo que eu faço – você já viu como as cores das células são lindas?”.

Katemari Rosa 

Desde pequenina a paixão pela ciência marcou a vida de Katemari Rosa. Movida pelo sonho de ser astrônoma, ela decidiu estudar Física e, posteriormente, fez mestrado em Ensino, Filosofia e História da Ciência e doutorado em Educação Científica.

Como mulher negra, em sua trajetória como cientista, Katemari percebeu cedo que teria que enfrentar o racismo e o sexismo. Como forma de fortalecer a si própria e à comunidade negra, passou a desenvolver pesquisas sobre a formação de professoras e professores no Ensino de Ciências, a partir de recortes raciais, de gênero e socioeconômicos. 

A dourada atualmente integra o Grupo de Trabalho de Minorias na Física, dentro da sociedade brasileira de física, onde ela desenvolve o projeto “Contando nossa história atual: negra e negros nas Ciências, Tecnologias de Engenharias no Brasil”. O principal objetivo do projeto é coletar entrevistas de cientistas negras e negros, visando o fortalecimento das identidades e a valorização da contribuição dessas pessoas para a sociedade.

Sônia Guimarães 

Sônia Guimarães nasceu em 1957 em São Paulo e é a primeira mulher negra e brasileira a ser doutora em Física. Em 1993 se tornou também a primeira negra a lecionar no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica).  Desde a infância era apaixonada pelos números, e entre os desafios que precisou enfrentar para conseguir estudar, estava o de ser a primeira pessoa da família a ingressar em um curso superior. Assim, Sônia se formou em Física  e fez o mestrado na Universidade Federal de São Carlos,  dissertando sobre Desenvolvimento da Técnica Elipsométrica para Caracterização Ótica de Filmes Finos.

Sendo pioneira ao ocupar alguns lugares no mundo científico brasileiro, a doutora não pode desvincular sua trajetória científica de todas as experiências que passou enquanto mulher negra. Assim, assumiu para si o propósito de lutar para que mais pessoas como ela possam realizar seus sonhos e ocuparem espaço no universo científico. Conforme suas palavras: “Quero que outras mulheres e negros olhem para mim e vejam que é possível. Eu combato todos os dias um cenário que contrasta de mim só por estar aqui, mas eu quero mais que isso. Precisamos lutar uns pelos outros. Minha vida é quebrar barreiras.”

Neusa Santos Souza 

Procurar outras pessoas negras como referência é extremamente importante para a saúde emocional de da população negra, e foi a partir dessa percepção que Neusa Santos Souza decidiu se dedicar, a partir da psicanálise, ao estudo sobre os problemas emocionais de pessoas negras, bem como os desafios que enfrentam na consolidação de suas identidades diante de todas as violências raciais que sofrem.

Nascida na Bahia, Neusa tornou-se uma conceituada psicanalista e psiquiatra, formou-se em Medicina pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e fez mestrado em psiquiatria pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em sua trajetória como cientista, para além, dos estudos sobre aspectos relativos à negritude, ela fez importantes contribuições em estudos sobre a psicose e a psicanálise lacaniana, uma abordagem dentro da psicologia.

No ano final de sua vida, Neusa escreveu um desabafo, em forma de artigo, refletindo sobre os 120 anos de abolição. Afirmando que: “Cento e vinte anos de abolição quie dizer 120 anos de luta dos negros que no Brasil, dia a dia, convivem com o preconceito e a discriminação racial”.

Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez nasceu em 1935 em Belo Horizonte. Gonzalez foi a pioneira nos estudos sobre a cultura negra no Brasil e co-fundadora do instituto de pesquisas das culturas negras do Rio de Janeiro. Durante sua vida Lélia foi uma grande intelectual, autora, política, professora, filósofa e antropóloga brasileira. 

Os seus estudos eram voltados para a luta contra o racismo estrutural e a desigualdade de gênero, sendo uma das mais proeminentes estudiosas do feminismo negro. Defendendo, assim, a descolonização do feminismo e criando o conceito ‘amefricanidade’, buscando discutir a problemática dos descendentes de africanos trazidos para serem escravizados no Brasil, bem como dos descendentes de indígenas, também escravizados. Os estudos e pautas que a filósofa desenvolveu são de extrema importância para exaltar a desigualdade racial e de classe que se estabelece até hoje, dando oportunidade de lutar contra o racismo e machismo, pois ela criou mais espaço para essas discussões. Lélia faleceu em 1994 no Rio de Janeiro.

Sueli Carneiro  

Aparecida Sueli Carneiro Jacoel nasceu em São Paulo em 1950 e é ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro, além de ser escritora, Doutora em Filosofia pela USP e fundadora do GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra, sendo considerada uma das mais relevantes pensadoras do feminismo negro no Brasil. 

No ano de 1992, decidiu criar o projeto Rappers, atendendo ao apelo por segurança de um grupo de músicos da periferia Paulista, que estavam sofrendo frequentes agressões policiais. Além disso, Sueli Carneiro produziu o estudo “Mulheres negras e poder: um ensaio sobre a ausência”, em 2009, como forma de denúncia da hegemonia masculina e branca nas diferentes esferas de poder.

A autora tem sido agraciada com uma série de prêmios e homenagens: Prêmio Bertha Lutz (2003); Menção Honrosa no Prémio de direitos humanos Franz de Castro Holzwarth; Prêmio Direitos Humanos da República Francesa; Prêmio Benedito Galvão (2014); Prêmio Itaú Cultural 30 Anos (2017); Prêmio Especial Vladimir Herzog (2020).

Anete Otília Cardoso de Santana Cruz

Anete é  licenciada em Matemática e Mestre em Educação na  Linha de Pesquisa em Educação Matemática UFRN. Desenvolve trabalhos acadêmicos acerca da história da matemática seguindo uma vertente mais cultural e educacional na sua linha de pesquisa. 

Anete é fundadora da Associação Baiana de Dança em Cadeira de Rodas (ABDCR) que  é uma entidade sem fins lucrativos, que existe desde 2002,  que trabalha na promoção da pessoa com deficiência, resgate da auto-estima  e a fomentação da categoria de dança esportiva em cadeiras de roda, , seja na modalidade esportiva como artística.Além da carreira acadêmica, , ela já participou e foi vencedora de campeonatos, inclusive internacionais, de dança de salão e dança Latina, sendo vencedora no ano de 2004. 

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