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“Cientistas de dar Orgulho”: Conheça nomes LGBTQIA+ que fizeram história na Ciência

Progresso de leitura

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Nomes como Francis Bacon, Sally Ride, Alan Turing, Alan Hart, Florence Nightingale, Audrey Tang desenvolveram estudos revolucionários

Numa época em que locais frequentados pela comunidade LGTQIA+ nos Estados Unidos eram perseguidos pelas autoridades locais, um grupo de pessoas resolveu reagir e mudar o curso da história. O episódio remonta ao dia 28 de junho de 1969, depois de uma abordagem violenta da polícia de NY durante uma inspeção no bar Stonewall Inn, que resultou em um protesto em que os manifestantes atiraram pedras e tijolos contra os agentes. A rebelião só foi contida cinco dias depois, mas fomentou uma série de reivindicações por direitos pelo mundo. Pela sua importância histórica, a data que eclodiu a revolução foi convencionada como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+.

A luta por respeito às identidades de gênero perpassa gerações que reivindicam o direito de ser e existir em suas diversidades. Ao longo da história, pessoas Lgbtq’s, por mais notáveis que fossem, tiveram de lidar com o apagamento de suas existências por causa do preconceito e os códigos de conduta da época. Um desses nomes é Sally Kristen Ride, primeira mulher norte-americana a ir para o espaço. A pioneira, que era homossexual, abriu os caminhos para que outras mulheres também pudessem ocupar um lugar na astronomia. No entanto, a cientista só falou sobre sua sexualidade publicamente antes de sua morte,  aos 61 anos, quando admitiu que tinha um relacionamento com uma mulher, Tam O’Shaughnessy. 

O preconceito também torturou um dos mais importantes nomes da Ciência, Allan Turing, que é considerado “o pai da computação” e que teve atuação fundamental durante a 2ª Guerra Mundial. Allan nasceu em uma época em que ser homossexual era crime na Inglaterra. Sua orientação sexual foi exposta e ele foi condenado à castração química. Forçado a tomar altas doses de hormônios, ficou deprimido e se suicidou.

Para resgatar a importância da contribuição de personalidades Lgbt’s para a evolução do conhecimento científico, o Espaço Ciência apresenta a séria “Cientistas de dar Orgulho” em alusão ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Conheça um pouco sobre a história e obra de nomes do passado e do presente que foram invisibilizados ao longo da história e que merecem reconhecimento pelos seus feitos para a Ciência. 

Francis Bacon

Filósofo, político inglês e um dos fundadores do método indutivo de investigação científica, o qual estava baseado no Empirismo. Seus estudos contribuíram para a história da ciência moderna. Estudou Direito na Universidade de Cambridge e teve um papel preponderante na política inglesa, sendo eleito o 1.° Visconde de Alban e também embaixador inglês na França.

Para Francis a ciência era uma técnica e os conhecimentos científicos deveriam ser considerados instrumentos práticos de controle da natureza. O objetivo dele era demostrar os conhecimentos científicos na vida prática, pois acreditava que a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental baseada na corrente empirista. Além de obra filosóficas, Bacon escreveu obras políticas, jurídicas e literárias, reunindo uma vasta produção intelectual.

Método Indutivo de Investigação
Bacon criou um modelo de investigação através do método da indução, o qual estava baseado na observação precisa e minuciosa dos fenômenos naturais. Com o intuito de combater os erros provocados pelas crenças nos “ídolos”, Bacon propõe o método indutivo. Segundo ele, essa metodologia estaria dividida em quatro etapas: Coleta de informações a partir da observação rigorosa da natureza; Reunião, organização sistemática e racional dos dados recolhidos;
Formulação de hipóteses segundo a análise dos dados recolhidos; comprovação das hipóteses a partir de experimentações.

Alan Turing

Considerado uma das mentes mais brilhantes do século passado, Alan Turing desenvolveu a base da computação moderna e ajudou os aliados a vencerem a 2ª Guerra Mundial desvendando o Enigma da inteligência nazista. Teve sua história contada no filme “O Jogo da Imitação” interpretado por Benedict Cumberbatch. Mas a confidencialidade de seu trabalho e a perseguição contra homossexuais na Inglaterra fizeram com que pouco de seu trabalho fosse reconhecido em vida. Turing demonstrou interesse pela Matemática ainda muito jovem. Em 1936, apresentou uma teoria a respeito da construção de uma máquina capaz de realizar cálculos. Entre 1936 e 1938, estudou matemática e criptografia em Princeton, local em que obteve seu PhD. A partir de 1938, retornou à Inglaterra e passou a integrar uma organização do governo britânico, responsável por quebrar códigos e enigmas. Com o começo da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, Turing ingressou no Bletchley Park, a instalação que reuniu grandes matemáticos e criptógrafos e que teve papel crucial na interceptação de mensagens enviadas pelos exércitos do Eixo. Os alemães utilizavam a Enigma, uma máquina alemã que criptografava as mensagens que eram enviadas pelo exército e tornava-as quase indecifráveis. Alan Turing e outros matemáticos ingleses atuaram diretamente na quebra do código alemão.

Sally Ride

A doutora em física, professora e astronauta Sally Ride entrou para a história como a primeira mulher dos Estados Unidos a ir para o espaço – e a terceira do mundo a fazer isso. Escalada para integrar a tripulação do ônibus espacial Challenger em 1987, ela participou ao todo de duas missões fora da Terra. Deixou a Agência Espacial Norte Americana (NASA) em 1987 para se dedicar à vida acadêmica.
Ride conquistou uma vaga na tripulação depois leu uma notícia em 1977 sobre a busca da Nasa por novos astronautas para o programa de ônibus espaciais. Pela primeira vez, a agência estava recrutando mulheres. Ao todo, 8.079 pessoas se inscreveram, e somente 35 foram aprovadas – seis delas eram mulheres, incluindo Ride. Após completar o treinamento em 1979, ela participou de missões no chão, como oficial de comunicações e no desenvolvimento de um braço robótico que seria acoplado no ônibus espacial.

Alan Hart

Foi pioneiro no uso do Raio-X para detectar a tuberculose precocemente, o que facilitou o diagnóstico e salvou inúmeras pessoas no século 19. Além disso, Hart foi um dos primeiros a documentar como a doença se espalhou e como o isolamento de portadores era importante para interromper a contaminação. Alan L. Hart nasceu no Kansas em 1890, designado como mulher no nascimento. Segundo entrevistas, ele sabia que era menino desde jovem e desejava que sua aparência física refletisse sua identidade. E foi na graduação que o médico começou a se comportar e se vestir como homem. Após sua formatura, Hart procurou ajuda psiquiátrica para discutir sobre sua orientação sexual e logo após realizou a histerectomia completa. Hart liderou uma campanha massiva em todo o país para usar a tecnologia de raios-X para rastrear pessoas

Florence Nightingale

Florence Nightingale (1820-1910) foi uma destacada enfermeira inglesa. Criou a primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra no Hospital Saint Thomas, em Londres. Recebeu a Ordem do Mérito, em 1901, durante a Era Vitoriana. Em 1854, durante a Guerra da Criméia, tornou-se a chefe de enfermagem em Scutari, na Turquia. Ela encontrou os soldados em péssimo estado e um quadro deficiente de utensílios para higiene pessoal e alimentação. Com seu conhecimento profissional adquirido até então, ela reforçou a limpeza do local, expôs os militares ao ar fresco, criou um plano de alimentação adequado a cada tipo de doente e enfatizou a importância do repouso, estima que a mortalidade tenha caído de 42,7% para 2,2%, o que rendeu a ela reconhecimento internacional. Florence também utilizou a estatística em seus estudos para poder apresentar dados aos membros do exército. Ela usou o chamado diagrama de área polar, gráfico precursor ao de pizza, para exemplificar a contagem de mortes por mês, por exemplo. Com isso, ela foi a primeira mulher a integrar a Sociedade Real de Estatística.

Audrey Tang

Hacker e primeira ministra trans do mundo, Audrey Tang é uma das maiores programadoras de Taiwan. Criou sua primeira linguagem de programação aos 12 anos, a Pearl 6. Aos 15, largou a escola e foi criar projetos de tecnologia. Vendeu um mecanismo de busca que ela mesma inventou para letras de música em mandarim aos 18 anos, quando já trabalhava no Vale do Silício. Aos 35 anos, foi indicada a Ministra Digital do governo de Taiwan. A ativista é reconhecida mundialmente como um dos grandes nomes no desenvolvimento de softwares livres e uma defensora do movimento por dados abertos. Por seu histórico de ciberativista, Tang foi escolhida para tornar os dados do governo mais acessíveis ao povo.

Martin Lo

Matemático da Nasa, Martin trabalha no Jet Propulsion Lab e ficou famoso quando passou a calcular trajetos de voo muito econômicos, os Superautoestradas Interplanetárias, que são caminhos no Sistema Solar onde uma espaçonave poderia orbitar gastando pouco combustível. A ideia é tirar proveito de uma faixa espacial bem específica entre dois grande objetos (como planetas), em que a atração gravitacional de um está em equilíbrio com a do outro. Além da Superestrada, Lo desenvolveu um software chamado LTool, usado na missão Gênesis, a primeira da Nasa que usou robôs para trazer amostras de material provenientes de regiões mais distantes que usou robôs para trazer amostras de material provenientes de regiões mais distantes que a Lua.

Curadoria: Louie Fernando, monitor do Espaço Ciência

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